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Comparativo GPS outdoor

Qual o melhor GPS para viagens outdoor em autonomia

GPSMAP 276Cx  – Garmin Montana 750i  – Samsung Active 3

Sendo eu um apreciador de aventuras em autonomia, a busca pelo GPS perfeito tem percorrido grande parte da minha vida. Desde a altura em que achava que não serviam para grande coisa, ainda nos anos 2000, até não ir para lado nenhum sem eles, já mais recentemente, muito mudou. Não só na tecnologia, mas também na forma de viajar em autonomia, que no meu caso é em família e com crianças pequenas. Esta particularidade leva-me a pensar muito bem na questão da segurança e planeamento de viagens para que nada saia ao lado. E esta questão tem levado a que a minha anterior preferência por dispositivos Android, tais como telemóveis e tablets, tenha começado a levar alguns abanões, como foi o caso na travessia de Espanha e Pirinéus em autonomia, em 2020, onde usei o Garmin Overlander e fiquei muito impressionado, ou em 2021 quando depositámos a nossa confiança no Garmin Montana 750i na travessia da Islândia de bicicleta. E será que os melhores GPS ainda são os tradicionais Garmin ou um dispositivo Android ainda é superior?

Aqui há uns dias lembrei-me de ir buscar a casa dos meus pais um antigo GPS. Antigo, mas ainda atual, aliás é o último modelo da série com botões da Garmin que ainda está à venda, o conhecido GPSMAP 276Cx. A última vez que o usei foi na viagem pelos Pirinéus, a tal onde testei a fundo o Overlander e o 276Cx ia só a marcar o percurso para o caso do outro perder os dados. O que até aconteceu no final, devido a um erro da minha parte. Nunca achei grande piada aos botões mas quando o comecei a utilizar agora, pareceu-me bastante interessante. De tal forma que resolvi levá-lo juntamente com o Montana numa viagem em autonomia de bicicleta para realizar um comparativo.

Especificações principais:

Montana 750i

  • Dimensão – 9.19 x 18,30 x 3,27 cm
  • Ecrã táctil de 5”
  • Tipo de ecrã – Transrefletivo
  • Peso – 410 g com a bateria de iões de lítio incluída
  • Norma IP – IPX7
  • Sistema GPS – GPS, Glonass e Galileu
  • Sensores – Barómetro e bússola
  • Inclui sistema Inreach
  • Conexões – WiFi e Bluetooth
  • Expansão por SDCard ate 32GB

GPSMAP 276Cx

  • Dimensão – 191,5 x 94,5 x 44,0 mm
  • Ecrã de 5,0″
  • Tipo de ecrã – Transmissivo e legível sob luz solar
  • Peso – 450 g com a bateria recarregável incluída; 415 g com pilhas AA (não incluídas)
  • Norma IP – IPX7
  • Sistema GPS – GPS e Glonass
  • Sensores – Barómetro e bússola
  • Conexões – WiFi e Bluetooth
  • Expansão por SDCard ate 32GB

Active 3

  • Dimensão – 126.8 x 213.8 x 9.9
  • Ecrã táctil de 8,0″
  • Tipo de ecrã – Transmissivo
  • Peso – 425 g com a bateria recarregável incluída
  • Norma IP – IP68
  • Sistema GPS – GPS, Glonass e Galileu
  • Conexões – WiFi, Bluetooth e redes móveis (se for o modelo LTE)
  • Expansão por SDCard ate 1TB

Antes do comparativo no terreno, algumas impressões sobre os três aparelhos GPS.

Autonomia

De todos os aspetos, sem dúvida um dos mais importantes quando falamos em GPS para atividades outdoor em autonomia (bikepacking, trekking, montanhismo, etc) é a duração da bateria. Neste tipo de atividades, muitas vezes estamos mais do que um dia sem tomada de corrente para ligar os aparelhos e apesar de existirem os painéis solares que ajudam imenso, andar com um GPS com fraca autonomia não é de todo o melhor.

Ecrã transrefletivo vs transmissivo

Um dos aspetos que mais influencia na duração da bateria, é a tecnologia do ecrã, a luminosidade e a sua resolução. No que toca à tecnologia podem ser transrefletivos ou transmissivos. O primeiro caso significa que quanto mais forte for a luz incidente no ecrã melhor a visibilidade e apenas utilizam a retroiluminação quando é necessário, nas situações com pouca luz ambiente. Os transmissivos, por outro lado, quanto mais forte for a luz incidente, mais forte tem de ser a retroiluminação. Os telemóveis, tablets e o 276Cx têm um ecrã deste tipo enquanto que o Montana e outros GPS idênticos têm ecrãs transrefletivos. O contra destes últimos é a qualidade de imagem ligeiramente inferior, o que não é propriamente relevante em GPS, presumo.

Montana vs 276Cx com retroiluminação ligada

Num primeiro teste deixei-o a marcar um percurso com algum tempo de ecrã ligado e desligado e alternando a luminosidade do ecrã entre os 50% e os 100%, em conjunto com o Montana nas mesmas situações, aguentou o dobro do tempo do Montana! A única funcionalidade que tinham ligadas era o Bluetooth para as notificações. Ou seja, em cerca de 11h o Montana estava com 6% de bateria e o 276Cx com 54%.

Montana vs 276Cx vs Active 3 com ecrãs ligados e luz solar.

Num segundo teste e já com o Active 3 também, coloquei a luminosidade do Active 3 a 100%, a do 276Cx a 80% e a do Montana a 10%. Todos a marcar percurso e esperei 3h e os resultados foram os seguintes. O 276Cx tinha 79% de bateria, o Montana 82% e o Active 3 64%. O que significam estes resultados? Primeiro que o ecrã do Active 3 gasta quase o dobro da energia dos outros 2 e que apesar da luminosidade do 276Cx estar quase no máximo, gasta muito pouco de bateria, um resultado impressionante dado o nível impressionante de luminosidade desse aparelho, como já vou falar mais tarde. Tanto o Montana como o 276Cx tinham o Bluetooth ligado. E porque razão o Montana não tinha a retroiluminação mais elevada? Como expliquei antes, sendo um ecrã transrefletivo não precisa de retroiluminação quando existe luz exterior que é o normal nas viagens outdoor. É de referir que o 276Cx com luminosidade a 80% fica perfeitamente visível em sol direto ao contrário do Active 3.

Montana vs 276Cx vs Active 3 com écrans desligados

Num 3º teste, desliguei os ecrãs e esperei mais 9h. Resultados, todos eles tinham níveis de bateria de 51% e 54% para o Active 3. Aparentemente, este resultado mostra que o Montana gasta um pouco mais de bateria que o 276Cx sem ecrã ligado, mas que não corresponde à verdade porque o Montana tem uma bateria de menor capacidade que o 276Cx. No caso do Active 3 fiquei na dúvida se o resultado é realista dado que me parece muito pouco consumo para um aparelho com GPS ligado. Em experiências a marcar percursos em viagem, não tem assim tanta autonomia, mesmo com ecrã desligado. Este resultado é importante porque em viagem costumo desligar o ecrã quando não preciso para economizar bateria. Um resultado surpreendente, principalmente para o 276Cx que tem um ecrã transmissivo, mas em todo o caso fica a análise completa para uma comparação no terreno.

Baterias de Lítio

É preciso ter em conta outro aspeto, o tamanho das baterias. O Active 3 tem uma de 5050mAh, o Montana uma de 3300mAh e o 276Cx uma de 4400mAh. O que mostra ainda mais as vantagens dos GPS tradicionais sobre o tablet. Este aspeto é importante porque invariavelmente é necessário carregar o aparelho e muito provavelmente através de energia solar o que significa que, quanto maiores as baterias mais carga é necessário logo, mais exposição solar também é preciso!

O tipo de baterias que usam e um pormenor do sistema de bateria e pilhas do 276Cx.

Ecrã

Luminosidade

De nada serve termos um GPS se depois não se vê nada com o sol! O Montana, tal como outros GPS idênticos, não tem qualquer problema neste aspeto devido aos seus ecrãs transrefletivos. Quanto mais sol e direto, melhor se vê, apesar de perder capacidade de reprodução das cores. O Active 3 já não é tão eficaz neste aspeto. A luminosidade máxima  de cerca 700nits é suficiente mas não ideal. Se o sol estiver forte e direto pode ser um problema para identificar certas partes do mapa. E ainda existe outro problema que é resultado do aquecimento, que vou falar mais adiante. O 276Cx tem um ecrã impressionante. A Garmin não especifica qual a luminosidade máxima, mas é do melhor que tenho visto. Comparando com o meu Xiaomi tem certamente mais de 1000nits. Mesmo com sol forte e direto fica perfeitamente visível perdendo apenas ligeiramente alguma claridade para o Montana, o que é compreensível dada a tecnologia diferente.

Com sol direto o Active 3 não tem hipotese contra o 276Cx e Montana. Neste caso a luminosidade máxima já tinha diminuído devido ao aquecimento, problema comum dos tablets e telemóveis.

Tamanho do ecrã

Outra questão a ter em conta é o tamanho do ecrã. Ecrãs com diagonais inferiores a 5” são mais compactos, mas sacrifica-se a facilidade de uso em relação aos maiores. O Montana e o 276Cx têm o tamanho mínimo para uma leitura confortável em viagem na minha opinião, as tais 5”. O Active 3 com os seus 8” ainda melhor, mas se for para atividades pedestres demasiado grande. Os telemóveis atuais, regra geral têm ecrãs entre as 5,5” e as 6,5” e são a proporção ideal, entre tamanho e facilidade de leitura do ecrã.

Tamanho de ecrã entre vários aparelhos desde o Active 3 ao Montana 600

Resolução

E a resolução do ecrã, têm alguma importância em navegação? Não, de todo. Sendo que a maioria dos mapas são vetoriais e o texto de grande dimensão para ser facilmente legível, um ecrã com muita resolução só vai servir para gastar mais bateria. A única situação onde a resolução ajuda é na visualização de imagens satélite. Tanto o Montana como o 276Cx têm resoluções WVGA ou seja 480×800 pixéis, suficiente para o propósito. Comparando com o Active 3 com FHD e 1920×1080 pixéis, é demasiado para este propósito. O Garmin Overlander com ecrã de 7”, idêntico ao Active 3, tem resolução 1024×600 pixéis e é perfeitamente suficiente para navegação.

Tecnologia táctil vs botões

Para ser sincero nunca fui grande adepto dos aparelhos com botões. Torna muito demorado a navegação no mapa e busca de pontos de interesse. Mas para o propósito deste tipo de aparelhos nem faz grande diferença. Há, no entanto, situações extremas quando temos de usar luvas grossas ou sob chuva forte onde são preferíveis. Os ecrãs tácteis, mesmo com alteração de sensibilidade que o Active 3 e o Montana permitem, não funcionam adequadamente nessas condições. Falta perceber na prática e em viagem se os botões são ou não um entrave à navegação ou se até são preferíveis.

Tecnologia antiquada mas em situações extremas é a mais funcional.

Resistência

Enquanto que em viagens de carro a resistência do aparelho não é muito relevante, em atividades outdoor é imprescindível que o GPS seja resistente a quedas, água e pó. De acordo com as especificações, o Active 3 é mais resistente indicando certificação ip68 que garante submersão inclusive. Tanto o Montana como o 276Cx indicam certificação ipx7 contra salpicos e pó. Certificação contra quedas todos têm. Alguns telemóveis topo de gama também contém certificação ip68 mas não contra quedas. Para este tipo de atividades, certificação ipx7 é mais que suficiente. Já tive oportunidade de usar o Montana, o Active 3 e vários telemóveis certificados em chuva forte e nunca tive problemas. O 276Cx presumo que se aguente bem igualmente. Mas não deixa de ser percetível que os GPS dedicados como o Montana e o 276Cx, apresentam um aspeto bem mais robusto que um telemóvel, mesmo os certificados. Até o Active 3 tem um nível de proteção que imprime mais respeito que um telemóvel. Há também a questão da validação destes testes. Será marketing ou realmente são resistentes? Enquanto um GPS é concebido para este fim, à semelhança do Active 3, o mesmo não posso dizer de um telemóvel.

Todos eles apresentam um corpo bastante protegido mas o Montana e 276Cx aparentam mais ser mais robustos.

Calor, o handicap dos Androids

Se há situação complicada para dispositivos eletrónicos sem dúvida que é a exposição ao sol e ao calor. E é neste aspeto que os telemóveis e tablets se mostram mais inadequados. A construção fina e os processadores e gráficos de alto rendimento, em conjunto com os ecrãs de elevada resolução e luminosidade, são enormes fontes de calor. Quando temos em simultâneo tempo quente e sol direto, algo tem de ceder para que o aparelho não se desligue. O primeiro é o brilho do ecrã. Na maioria dos telemóveis e tablets, a luminosidade máxima só pode usada em modo automático, ou seja quando o aparelho acha que estão reunidas as condições para tal. Quando o aparelho aquece demasiado, mesmo que o sensor de luminosidade identifique necessidade de aumentar a luminosidade, não o vai fazer para não aumentar a temperatura do aparelho. E se mesmo assim a temperatura continuar elevada, pode desligar o GPS entre outras coisas. Estes últimos passos, em muitos aparelhos não acontece, mas o baixar o brilho máximo do ecrã acontece quase sempre. Inclusive no Active 3, tablet criado para estas situações. O GPS continua a funcionar como tudo o resto, mas a luminosidade máxima do ecrã diminui tornando mais difícil a visualização do mapa. No Montana nem sequer existe esta questão, dado que a retroiluminação do ecrã pode estar desligada quando está sobre sol direto. No 276Cx, num primeiro teste não sofreu qualquer perturbação e em princípio dado a sua construção, não aparenta ter qualquer problema com o calor e sol direto. Mas em todo o caso, o teste final tem de ser com o aparelho várias horas ao sol a marcar percursos.

Precisão do sinal GPS

Na maioria das situações, tanto os GPS dedicados como os tablets e telemóveis recentes, têm suficiente precisão para navegação. Ambos incorporam as mais recentes tecnologias e não se nota grande diferença entre eles na prática. De notar que é preciso confirmar nos aparelhos android mais antigos se realmente têm receção GPS e não apenas localização por redes móveis e WiFi, que era muito comum nos aparelhos mais antigos. No teste que fiz junto à janela, notei que o 276Cx captou melhor sinal que o Montana. Este último perdeu sinal GPS algumas vezes nesta situação enquanto o 276Cx manteve sempre sinal satélite. Isto demonstra que em situações difíceis o 276Cx tem melhor captação de GPS, o que pode ser útil em zonas muito fechadas.

Pequeno exemplo da menor precisão do Montana face ao 276Cx apesar de mais recente.

Funcionalidades

Antes de discutir as funcionalidades de cada aparelho e como se comparam, é importante definir que tipo de uso estes aparelhos podem e devem ter.

O Active 3, se for na versão LTE, ou seja com acesso a redes móveis, tal como um telemóvel, pode realizar e receber chamadas e aceder a redes móveis, podendo substituir um telemóvel. Isto significa que é possível usar estes aparelhos para tudo, quer as questões mais mundanas que todos usamos no dia a dia, como navegação. Mas tem 2 eventuais problemas. Primeiro, para ser usado como telemóvel implica que tenhamos as redes móveis ligadas, o que ainda vai consumir mais bateria. Segundo, se estivermos sozinhos e se o aparelho deixar de funcionar não temos mais nenhum para ajudar a regressar. Além de que, se estivermos a marcar um percurso poderemos perder tudo o que marcámos.

A outra hipótese, a mais sensata para mim atualmente, é usar um aparelho específico para GPS e o nosso telemóvel como telemóvel e apoio a navegação quando necessário. Desta forma temos sempre connosco dois aparelhos e maximiza-se a bateria em ambos. Será neste tipo de uso que irei comparar as funcionalidades de cada um dos aparelhos.

Funcionalidades relevantes do Montana e do 276Cx

  • Tal como a maioria dos GPS, permitem marcar percursos, pontos, rotas e seguir percursos, pontos e rotas que se tenham transferido para o aparelho. Esta é a principal funcionalidade dos GPS. Pode-se seguir um percurso manualmente ou com roteamento com perfil especifico, algo que não costumo usar.
  • Além disto permitem carregar mapas Garmin, aqueles com extensão IMG e que existem de vários tipos e de todo o mundo!
  • Permitem também navegação por rota, seja para um ponto escolhido no mapa, seja através de busca de endereços, pontos de interesse, etc ou ainda criando nós próprios uma rota no mapa. Esta navegação é realizada por estradas e caminhos do mapa e a rota escolhida pelo aparelho depende do perfil que usamos. Se for automóvel, ele segue por estradas, se for BTT segue por caminhos de terra e por aí fora.
  • Vários perfis de roteamento que podem ser também otimizados, por exemplo no BTT podemos escolher evitar subidas. Atenção que a rota está dependente do mapa que usamos. Por exemplo, usar o perfil BTT no mapa de estradas CityNavigator, pode nem sequer concluir a criação de rota. E por exemplo, se usarmos o mapa OSM topográfico ou de bicicleta, a rota criada é diferente do mapa Topoactive da Garmin que é baseado no OSM. E a meu ver, superior neste último, o que pressupõe que a Garmin não faz apenas um “copy paste” da cartografia OSM mas usa também o seu próprio cálculo de roteamento.
  • A navegação por estrada, apesar de funcionar corretamente não tem as mesmas facilidades de uso e opções como um GPS de automóvel ou o Overlander, mas a meu ver, esta não é uma prioridade deste aparelho dado que em estrada anda-se de carro e aí o bom do telemóvel com o Google Maps ou outros funcionam melhor.
  • Computador de bordo personalizável e registos de elevação para percursos.
  • Possibilidade de conectar o telemóvel e o GPS através de cabo OTG e passar percursos, pontos e rotas do telemóvel para o GPS. Importante quando temos de realizar alterações no percurso e não temos acesso ao computador.
  • Visualização de notificações do telemóvel no GPS. Pode ser importante ou não, depende onde pretendemos transportar o nosso telemóvel. Mas se o quisermos proteger dos elementos exteriores, a conexão através do Connect permite receber no ecrã do aparelho as notificações que escolhemos para sermos notificados. E funciona melhor do que o esperado. Basta escolher e habilitar as permissões das aplicações que pretendemos receber notificações e a partir daí, chamadas, mensagens, Facebook, WhatsApp ou qualquer outra App que tenhamos escolhido, comunica uma notificação no ecrã do GPS. Não permite responder, mas também não é esse o objetivo. Não tem grande influência na bateria no que pude analisar até agora e permite guardar o telemóvel num lugar seguro. É claro que quem tem um Smartwatch esta conexão pode não ter assim tanto interesse!
  • Quando conectados ao Connect, permitem manter a previsão do tempo atualizada, desde que o telemóvel tenha rede claro.

Funcionalidades relevantes do Montana

Este é o GPS mais completo da Garmin. Não tem tudo mas é o que mais funcionalidades tem, se bem que grande parte delas não têm propriamente interesse para viagens em autonomia.

  • Entre os vários parâmetros de controlo para marcar e guardar um percurso mais costumes, no Montana podemos permitir pausar a marcação quando a velocidade esta abaixo de um determinado valor. Muito útil para quando estamos parados e o GPS fica a marcar pontos no mesmo local sem ser necessário.
  • Possibilidade de carregar imagens satélite com subscrição Outdoor + diretamente para o aparelho través de wifi. Poderia ter mais utilidade se a imagem fosse de uma área maior. Neste caso é preferível usar Apps no telemóvel com esta capacidade quando é necessário.
  • Cálculo de rotas com base em percursos populares no Connect, que poderá ser interessante para sabermos se determinado caminho tem saída caso já lá alguém tiver passado. Mas só funciona quando existe rede internet.
  • Possibilidade de criar percursos baseados em rotas. Esta opção permite no terreno criar um percurso para ser usado posteriormente seja seguindo por caminhos existentes, seja fora de caminhos. Um pouco à semelhança do que se faz no antigo Basecamp ou no Locumap, antes de uma viagem. Na prática pode não ter grande uso dado que como explico em seguida é muito fácil criar um percurso no Locusmap e enviar para o Montana, mesmo em viagem e só com o telemóvel. Mas não deixa de ser uma opção importante para quem quer ser mais autónomo com o Montana. Atenção que o percurso fica no formato FIT e não o tradicional GPX!
  • Alteração da sensibilidade do ecrã de modo a permitir uso com luvas ou ecrã molhado. No entanto se as condições forem muito extremas como muita chuva ou uso de luvas muito grossas não serve de muito.
  • Uma das funcionalidades mais importantes, a conexão com o telemóvel para passar percursos, pontos e rotas. Pode ser feita através de duas Apps. O Connect e o Explore. Para ser franco, o Connect não serve para nada numa viagem em autonomia. É uma aplicação pensada primordialmente para desportistas e dependente de rede móvel ou WiFi. Sem ela nem sequer sincroniza. Depois é muito limitada na passagem de percursos entre telemóvel e Montana. O Explore é muito diferente. Além de funcionar offline, é um excelente organizador, muito simples, apesar de algo limitado. Depois de conectar o Montana através de Bluetooth, seleciona-se a coleção que se quer sincronizar com o Montana e automaticamente aparecem os percursos e pontos no Montana. Até as cores de cada percurso sincroniza apesar de algumas aparecerem ligeiramente diferentes. Os percursos salvos no Montana são sincronizados para uma coleção à nossa escolha no Explore, também automaticamente. Se desabilitarmos a coleção de sincronização no Explore, automaticamente apaga os percursos e pontos do Montana. Tudo muito simples e prático. Já fui um pouco crítico do facto do Montana não permitir organizar os percursos e pontos por pastas ou coleções, mas com esta sincronização com o Explore torna-se menos problemático essa questão. O que ainda não entendo é porque razão para tornar visível no mapa vários percursos ao mesmo tempo, tenho de selecionar um a um e não posso selecionar vários de uma só vez. Imagine-se com 25 percursos o tempo que se demora! De notar que atualmente o Explore já permite criar percursos GPX, finalmente, o que permite usar este aplicativo para planear uma viagem. Só falta a adoção de mapas Garmin na App!
  • Modo especial baixa energia, uma das soluções mais inteligentes para aumentar a autonomia. O Montana entra num modo hibernação com ecrã desligado mas continua a marcar o percurso com menos pontos e a enviar o pontos e mensagens para Inreach. Usando este modo a autonomia aumenta para mais de 8 dias.
  • O Inreach. Um dos poucos GPS da Garmin que incluem esta tecnologia que permite com uma subscrição do serviço, enviar e receber mensagens via satélite e enviar pontos de percurso para o Expore de modo a podermos ser seguidos em casa. Além disto, contém um botão de SOS que contacta com serviços de resgate da Garmin em caso de emergência. Apesar de existir aparelhos Inreach à parte com o Mini 1 e Mini 2, o facto de estar tudo num só aparelho é uma mais valia.

Funcionalidades relevantes do 276Cx

Praticamente o 276Cx não faz nada que o Montana não faça, com a exceção de algumas funcionalidades relacionadas com náutica, mas que nem sequer mencionarei dado que não interessam para o tópico.

  • Botões em vez de ecrã táctil com vantagens associadas a situações extremas como chuva ou luvas grossas.
  • Possibilidade de usar baterias AA disponíveis em qualquer parte do mundo. Pode ser especialmente útil nas zonas mais remotas. Imagine-se que o painel solar deixa de funcionar. Basta comprar pilhas destas que se vendem em todo o lado e o GPS continua a funcionar.
Conexão ao telemóvel via cabo OTG que permite passar percursos, pontos e rotas para o GPS em viagem

Funcionalidades relevantes do Active 3

Estando baseado no sistema Android, beneficia de todas as Apps que existem para o sistema o que, além de todas as funcionalidades dos GPS tradicionais ainda permite as seguintes.

  • Possibilidade de gravar um percurso em duas Apps diferentes. Assim, podemos usar duas Apps com mapas diferentes e caso uma App perca o percurso, temos a outra a marcar o percurso. O contra desta opção é o maior gasto de bateria aparentemente.
  • Possibilidade de criar e organizar percursos, pontos e rotas no aparelho que estamos a usar para navegar, sem necessidade de transferir para um telemóvel.
  • Capacidade para usar mapas baseados em imagens satélite em tempo real se existir rede móvel e até mesmo offline.

GPS + telemóvel vs Tablet + telemóvel

De notar que muitas funcionalidades associadas ao Active 3 e telemóveis não incluo aqui porque, tal como referi anteriormente, o telemóvel faz parte integrante do Sistema GPS que é suposto levarmos em viagem. Por exemplo se precisamos de pesquisar um ponto de interesse e temos rede movel, faz todo o sentido usar o Google Maps no telemóvel para o efeito. Tal como editar ou alterar um percurso no telemóvel como referi antes. As funcionalidades que não estão presentes no conjunto Active 3 + telemóvel são as notificações e o Inreach, tal como não está presente no 276Cx.

É claro que uma coisa é usar aparelhos em casa, outra coisa é no terreno e por isso mesmo as conclusões finais só saberei após a comparar todos estes aparelhos ao pormenor em viagem.

Posted in Destaques, Equipamento Bikepacking

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