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Iniciámos o Bikepacking

Vimos agora falar-vos deste novo conceito de viagens que estamos a começar. Na realidade não é diferente do que já fazíamos, só muda o veículo que usamos. E claro toda a gestão que isso implica. Falamos pois de viagens de bicicleta. Ainda somos muito verdes nisto de modo que vamos começar por uma introdução, falar-vos de onde surgiu a ideia.

O Mário sempre foi ciclista de BTT, bicicleta todo-o-tereno. Inclusivamente chegou a fazer viagens de bicicleta, uma delas em total autonomia nos Pirinéus que podem ler aqui. Depois com o advento do montanhismo e alpinismo onde nos encontrámos, o BTT ficou adormecido. Depois veio o 4×4 e o nosso primeiro filhote. E aqui o interesse começou a voltar, não tanto para ele mas para o Miguel. Logo desde cedo introduzimos o nosso filho nas bicicletas de balanço e assim que pôde começou a pedalar. E sabíamos que aos 6 anos o Miguel poderia ter a sua primeira bicicleta a sério, ou seja, com mudanças. Pelo menos essa era a nossa expetativa. E sabíamos que a partir desse momento iríamos começar a andar de bicicleta. É então neste momento, que começa a nossa aventura pelo mundo das bicicletas, pelo menos para mim, para o Mário é um regresso!

A aventura na verdade começa com a procura da bicicleta para o Miguel, cerca de um mês antes do seu aniversário. Nós sabíamos muito bem o que procurávamos para ele e deliniamos características chave, como por exemplo, tinha de ter mudaças de alavanca como as bicicletas de adulto e não de punho como é mais costume nas bicicletas de criança e travões hidráulicos. A razão era simples, estes tipos de mudanças são muito mais fáceis de usar que as de punho contrariamente ao que sugerem. E nós podemos comprovar isso. Bastou um dia para o Miguel perceber o funcionamento! Os travões, bem quem já experimentou os vários tipos de travões sabe que os hidráulicos são mais leves e eficazes e portanto mais adequados a uma criança. Não foi fácil encontrar uma bicicleta com estas características e a preços aceitáveis e principalmente tendo em conta a pandemia. Felizmente a nossa preferida existia numa loja na Holanda, uma Marin San Quentin 20 com roda de 20 polegadas. Azul e tudo como o miúdo gostava!

Entretanto faltava uma para mim. Eu ainda não estava muito inteirada destas andanças das bicicletas. Nunca fui muito de bicicletas e tinha algum receio até. Mas não havia grande coisa a fazer, também precisava de uma bicicleta e com alguma sorte encontrámos uma Kona Lava Dome do tamanho ideal que rapidamente chegou da Ericeira Bikes. Aliás a Kona não era uma marca desconhecida para nós, a bicicleta do Mário é uma Kona Caldera, já com muitos aninhos, de 2005, mas ainda pronta para as curvas.

O próximo passo era tratar da bicicleta do Mário e fazer upgrades necessários. Ao longo dos anos já tinha substituído as rodas e um dos travões mas de resto estava praticamente de origem. Este passo pode parecer pouco importante mas na realidade não o é. Tal como num 4×4 onde temos de perceber alguma coisa da mecânica para solucionar eventuais problemas, na bicicleta é igual. O Mário há 15 anos era ele que fazia toda a manutenção da bicicleta mas já se tinham passado alguns anos de modo que era bom recomeçar. Após averiguação, além de uma limpeza geral precisava de pneus, um espigão novo, lubrificação dos carretos de trás e uma suspensão nova. Alem disto faltava as ferramentas específicas para retirar todas as peças da bicicleta para a devida manutenção. O que deu mais trabalho foi a substituição da suspensão da frente, mas que foi interessante para perceber o funcionamento da mesma.

Dia 6 seria o dia D, o dia em que íamos perceber se o Miguel conseguia andar na bicicleta nova. Quando a montámos ficámos meio assustados! Era enorme comparada com a anterior! E o miúdo sentado não chegava com os pés ao chão! Este foi o primeiro problema, ele tem alguma dificuldade a arrancar e a parar. Basicamente sempre que parava nesta bicicleta caia para o lado. Então desenrascamos uma solução, colocámos o selim directamente sobre o quadro, bem preso, só para ele ganhar confiança nos arranques dado que assim já chegava com os pés ao chão. E depois foi vê-lo… nem queríamos acreditar! Andou como se já conhecesse a bicicleta. Ensinámos o funcionamento das mudanças e passado um pouco já mudava para 3ª, 2º, 1ª para conseguir subir inclinações que nunca havia conseguido. Só para perceberem, no dia seguinte ao seu aniversário fomos à Costa da Caparica 10kms sempre a pedalar. Uma semana depois fomos à Lagoa da Albufeira cerca de 30kms! Mais tarde subimos o selim para a altura normal e aprendeu a arrancar e a parar como os adultos, como diz ele.

Mas ainda faltava a Madalena. Ela apesar de já ter a sua bicicleta, ainda não pedala portanto tem de vir connosco. Nós já tínhamos uma cadeira da Hamax que comprámos quando o Miguel era pequenino e ela gostava bastante de andar na cadeirinha. Nesta altura já andávamos à procura de soluções para transportar a Madalena numa viagem e tínhamos duas hipóteses: manter a cadeirinha e comprar um atrelado de carga, ou comprar uma atrelado para a miúda e transportar a carga no atrelado e nas bicicletas. Mas faltava perceber em passeios de um dia inteiro como ela se sentia, principalmente a dormir. Aproveitámos a passeio à lagoa da Albufeira para fazer esse teste e apesar de ter corrido bem percebemos que não era viável numa viagem transportar uma criança numa cadeira de bicicleta. Além de estar muito exposta aos elementos, quando adormece a cabeça abana imenso e achámos que podia ser até perigoso. Portanto a solução passava pela compra de uma atrelado.

A escolha do atrelado não era difícil. Nós ainda pensámos nos mais comuns de duas rodas mas para o estilo de viagens e passeios que fazemos não servia. Tinha de permitir circular em todo o tipo de caminhos e estradas, mesmo os chamados singletracks onde só se passa de bicicleta ou a pé. A solução era apenas uma, o Singletrailer da ToutTerrain. E estávamos prontos para viajar de bicicleta.

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